Carta ao Futuro, projetando 2021 com atenção e intenção positivas
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5 de janeiro de 2019Dezembro chegou e este período do ano nos oferece e nos expõe a vários tipos de experiências, seja na cidade, pela decoração cheia de ornamentos e luzes que chamam nossa atenção, nas empresas com as festas de final de ano, nas escolas/universidades com as férias mais longas , ou nas relações familiares com os sorteios dos amigos secretos, combinações a respeito da ceia entre outros arranjos.
Dezembro simboliza o final de um ciclo que é composto por 12 meses e este texto tem por objetivo fazer um convite, cuja proposta é cada um refletir a respeito do seu ano, podendo fazer um balanço não somente do que viveu, mas como viveu.
- Quais foram os convites que a vida fez a você durante 2018?
- Quantos sim você foi capaz de dizer a você mesmo?
- Quais passos você conseguiu dar na sua trajetória?
- Que despedidas você enfrentou?
Todo final de ano é, de fato, uma despedida, contudo ficamos atônitos com o ano que sucederá e acabamos vivendo as despedidas sem a atenção devida, querendo, muitas vezes, passar rápido por elas. Tudo isto tem uma razão. Evitar qualquer sensação que envolva dor ou tristeza. Contudo, como evitar algo que é do humano?
Na verdade, queremos sempre evitar algo por conta do medo de não saber lidar com a dor, com a tristeza, com a frustração, sendo assim, permanecemos iludidos por uma sensação de que viver é ficar bem o tempo o todo. Viver não é algo constante. Viver trata-se de se apropriar da vida em uma trajetória singular, no qual o significado e o sentido são construídos à todo momento, podendo sofrer alterações, mudanças que nos permitam dar passos a fim de nos sentirmos mais integrado e mais pleno.
Em muitos atendimentos, tenho percebido, como os pais, por amor, fazem de tudo para evitar que seus filhos entrem em contato com algo que possa fazê-los sofrer, oferecendo a eles explicações, justificativas que possam dar conta de algo que é próprio do humano, que é sentir tristeza e dor.
Como devemos lidar com a dor, rejeição e perdas
Um pai me disse: Paula, você acredita que uma mãe da escola convidou vários amigos para um cinema e deixou de fora a minha filha? Como pode está mãe ser tão cruel? Minha filha viu em uma rede social as amigas reunidas e ficou muito aborrecida. Eu perguntei, o que você fez? Ele me disse com uma voz embargada e triste. Eu fiquei tentando entender o porquê a mãe não convidou a minha filha para o cinema e, na sequência, se concentrava na busca de explicações.
Eu perguntei se ele tinha uma explicação e ele disse que não tinha algo que realmente pudesse explicar a não ser a crueldade da mãe. Este é um exemplo que pode revelar o quanto fugimos da sensação de nos expor ao que sentimos para encontrar explicações instantâneas que nos ofereçam razões, motivos que nos tire rapidamente da dor.
Uma das explicações passam por encontrar culpados, a segunda em pensar como devolver ao outro o que me fez, a terceira em ignorar, entre outras. Todas estas explicações têm a sua importância, contudo, sozinhas não dão conta de nos tirar do que dói ou do que nos causou tristeza, raiva ou medo. A ação que traz força neste movimento é entrar em contato com a sensação de dor e simplesmente senti-la.
Pude olhar para este pai e dizer: Parece que você também ficou triste pela sua filha e ele com os olhos arregalados e emocionado acenou positivamente com a cabeça. Perguntei a ele como se sentiria se pudesse olhar para a filha e expressar sua sensação para ela dizendo que não sabia do motivo pelo qual não havia sido convidada para o cinema, mas que ele reconhecia a tristeza dela e também se sentiria triste em uma situação semelhante.
O pai, muito emocionado, olhou para mim e disse, obrigada. Neste obrigada, senti em sua expressão um alívio, alívio este de simplesmente estar presente e de acordo com o que se manifestava, sem precisar fazer nenhum esforço em direção a encontrar respostas.
Eu olhei para ele e disse: às vezes, são os pais que não suportam a dor e não percebendo que isto é algo seu, agem de modo a querer tirar os filhos rapidamente da sensação que provoque qualquer tristeza, frustração ou medo. A intenção é a melhor, com certeza, mas isto enfraquece o outro, pois o tira da capacidade de sentir, de compreender a realidade em sua totalidade.
A melhor ajuda naquela situação era poder oferecer reconhecimento na dor da filha e também expressar o sentimento dele. Esta ação ampara e une os dois em um movimento de amparo. Esta legitimidade fortalece o outro e permite que algo novo possa surgir do fato de se expor a este sentir.
Qual é o sentido da despedida, do deixar ir o que precisa ir?
Despedir-se trata de sentir, de viver um processo que exige elaboração pois, muitas vezes, trata-se de algo dolorido, profundo, que exige alguma renúncia de nós. Despedir-se, seja de uma relação, de alguém que está preste a partir, de um amor, de um trabalho, de um projeto, de um filho que residirá longe, de um uma gravidez interrompida, de uma amizade, de um sonho, de um ano exige de nós coragem para olhar e reconhecer os benefícios que aquela experiência nos trouxe, percebendo que não temos energia para mudar o que passou.
Abandonar alguns porquês nos equilibra e nos fortalece. Uma ação como esta permite que novos movimentos surjam trazendo novas soluções que, talvez, nem sequer possamos imaginar.
O que é maravilhoso nisso é que podemos nos abrir ao futuro com força de vida, pois ao nos despedirmos com esta entrega e coragem o passado fica em seu lugar e nos tornamos livres para o novo que pode acontecer de modo pleno.
Finalizo o texto desejando a todos boas festas, que ao refletirem sobre 2018 se nutram do todo com gratidão e que abram espaço no coração de vocês para desfrutar de um 2019 com coragem, com fluir, com humildade e com amor.
Um forte abraço e que esta leitura possa ter sido proveitosa!
PS.: Você já dedicou tempo para fazer sua carta ao futuro? Outra dica de leitura para inspirar sua carta . Com todas essas contribuições estamos torcendo para que você seja muito feliz no ano que vai nascer!