Não é sinal de saúde estar bem adaptado a uma sociedade doente
2 de setembro de 2023Quando a morte chegar, que ela me encontre viva e feliz
7 de outubro de 2023A afirmação do título é do querido Satish Kumar, indiano, ativista desde a juventude, fundador da Schumacher College na Inglaterra, que conheci pessoalmente em 2016 quando ele esteve no Brasil e depois quando eu estive na Schumacher College por 3 meses, como voluntária em 2017.
Em Totnes, na seda da Schumacher College, uma vez por mês, Satish dava seu exemplo de humildade e cozinhava comida indiana com os alunos para alimentar todos os alunos que ali estavam. Depois, na sala com a lareira, ele falava com a alma, suas palavras simples e profundas, sempre me atravessavam, eu sempre me emocionava, podia não entender 100% do inglês, mas eu entendia-o pelo coração. Ainda hoje, ao escrever esse texto, lembro-me e me emociono.
Ele é uma dessas pessoas que tocam a alma da gente, exatamente porque não tem a expectativas no encontro. Ele fala a partir da consciência, da atenção plena e do amor. Ele sempre dizia: quando você faz algo com amor, você sente alegria! Troque o medo pelo amor, assim viverá mais feliz.
Satish fala sobre felicidade genuína, sobre uma mudança de mentalidade do amor, da confiança, da aceitação das coisas, da esperança e otimismo por mudanças. Ele nos convida a sermos a mudança que queremos ver no mundo, assim como Mahatma Gandhi.
No filme que acabou de estrear na plataforma Aquarius, chamado Teaching Nature, Satish Kumar nos faz refletir sobre nossa pegada ecológica, sobre o trabalho que está causando exaustão e adoecimento, sobre nossa relação distante com a natureza, agindo como extrativistas – extraímos tudo sem nos preocupar com os efeitos dessas ações. Mas os efeitos chegam …
O que estamos sentido hoje com as ondas de calor e secas em alguns lugares (desertificação), enchentes onde antes era seco, e outros efeitos climáticos são resultado do comportamento egoísta, individualista e consumista do ser humano. O homem realmente acredita que é o centro, mas ele é apenas 1 espécie dentre quase 8 bilhões de espécies no planeta. Precisamos parar de ver o mundo sob a ótica do ego e passar a cultivar um olhar sistêmico do eco.
Mahatma Gandhi já afirmou um dia: Há o suficiente no mundo para atender às necessidades de todos. Mas não há o suficiente para atender a ganância do homem.
E infelizmente, como podemos perceber em nossos tempos, estamos envolvidos em um sistema que prima pela ganância, pelo ganha-perde, pelo poder, pela ostentação e materialismo.
Estamos cegos na ilusão e na ignorância, caminhando na direção do adoecimento e infelicidade, pois um planeta doente, abriga pessoas doentes. Por isso, a frase de abertura desse texto me tocou profundamente. Essa afirmação do Satish é tão verdadeira: “um planeta saudável terá pessoas saudáveis”.
Daí a necessidade do ser humano voltar para casa. Desacelerar e reconectar com a sua casa, o planeta Terra. Precisamos urgentemente compreender que nós somos natureza. Que a natureza é colaborativa, abundante, rica em biodiversidade, inclusiva, respeitosa dos seus ciclos. Há tanta sabedoria na natureza que só precisamos parar, pausar, observar, se integrar à sabedoria da ecologia profunda.
Mudança de visão para o mercado de trabalho
O equilibro traz saúde, bem-estar e felicidade. Satish falou em 2016, em sua palestra no Sesc da Vila Mariana em São Paulo, sobre a necessidade de trabalhar menos para viver mais saudável, apontando o modelo da simplicidade elegante. No documentário Teaching Nature, ele retoma sua visão.
Para ele, o tempo deve ser aproveitado para cultivar a imaginação, a criatividade e as relações humanas. Conforme Kumar, o ser humano precisa trazer para perto atividades ligadas ao bem-estar como a arte (poesia, música, dança, pintura), o artesanato, jardinagem, cozinha afetiva, pois só assim, sentirá mais satisfação, contentamento e felicidade.
Atualmente, há um movimento chamado at 4 Day week global, (jornada de quatro dias de trabalho) iniciado em 2018, por Andrew Barnes, fundador da empresa financeira Perpetual Guardian, da Nova Zelândia. Esse modelo de gestão foi testado e rendeu bons resultados de produtividade. No Brasil, no mês de setembro a Recconect Happiness at Work, da empresária Renata Rivetti em parceria com a 4 Day Week Global e o Boston College começará essa implementação e mensuração dos resultados de forma científica a fim de demonstrar como é possível dedicar tempo para cuidar da saúde de forma integral e das relações que promovem felicidade.
Que tal aprendermos com Satish Kumar e outros pensadores, com a natureza, com os povos ancestrais, um modo de viver que pense na economia do cuidado do humano e da natureza?
O que você deseja ver no mundo? O que em você quer emergir para fazer parte dessa mudança?
É desafiador, mas estamos juntos pela felicidade sustentável!
Imagem de Pixbay by truthseeker08
2 Comments
Estou estruturando a cultura da minha empresa, e ela está sendo baseada em uma visão espiritual, onde vemos que somos pertencentes a uma grande teia, um grande organismo vivo chamado planeta terra. E dessa forma percebemos o quanto impactamos com nossas ações, e optamos por sermos cada vez mais positivos em nosso impacto, tanto ambiental quanto social.
Sua fala nos trouxe expansão de consciência e será inspiração para a mensagem que iremos propagar, gratidão
Oi minha amiga querida, fico tão feliz com esse feedback, sua empresa impactará tantas pessoas…Que possamos sempre contribuir para um mundo melhor, mais justo, mais feliz e sustentável