Nosso infinito particular
28 de fevereiro de 2015A força e a delicadeza de ser mulher!
8 de março de 2015Ao saber que eu queria pesquisar o tema Felicidade Sustentável, um grande amigo me presenteou com o livro Felicidade – dos filósofos pré-socráticos aos contemporâneos, do Franklin Leopoldo e Silva. Na dedicatória ele escreveu “Priorize sempre suas potencialidades, esse será o caminho para a sua felicidade”.
Não vou conceituar a felicidade neste momento, vou simplesmente falar que concordo com a afirmação do meu amigo. Acredito que essa possa ser uma trilha a ser seguida nesta busca do viver bem. As pessoas felizes trazem em sim uma realização das suas potencialidades. Estão felizes por que fazem o que gostam, por que se descobriram, por que deixam a vida fluir no cumprimento do seu propósito.
Felicidade e filosofia estão sempre em comunhão. Por que não dá para ser feliz sem pensar, sem filosofar. Ou até, sem meditar. Mas, levantar questionamentos é imprescindível. O que me faz feliz? Como posso ser feliz? Se não me sinto feliz, quais são os impedimentos? Essas respostas deverão nortear nossa busca. Mas tudo dependerá do que acreditamos como felicidade
Se buscarmos a felicidade seguindo os padrões “impostos” pela sociedade, o que encontraremos será ansiedade, angústia e decepção. Tudo isso, menos a felicidade. Assim pensa o filósofo Gilles Lipovetsky em Felicidade Paradoxal – ensaio sobre a sociedade do hiperconsumo.
Se para René Descartes a máxima era “penso, logo existo”, Lipovetsky afirma que a sociedade contemporânea vive a máxima “sofro, logo compro”. O autor analisa como sendo as compras o ópio da sociedade que, quanto mais isolada e frustrada com a solidão, tédio do trabalho, fragmentação da mobilidade social, segue buscando o consolo na felicidade imediata proporcionada pelas mercadorias.
E os slogans publicitários corroboram bem com essa ideia do autor. Quem não ouviu “Vem ser feliz”, “Abra a felicidade”, “O que faz você feliz?” Nesta linha de pensamento, a felicidade sai da esfera das virtudes e compõe um atributo intangível de compra.
Mas é importante refletirmos sobre estas questões, pois apesar da predominância do consumismo, o que menos ouvimos são as pessoas afirmarem que estão felizes. Esse é o paradoxo apontado por Lipovetsky.
Tudo isso me levou a refletir sobre o caminho da felicidade. Será que me senti feliz quando eu comprei uma bolsa, um sapato, um carro, ou meu apartamento? Nos momentos de compra, o que sinto é satisfação pela conquista.
E quando eu me sinto feliz? Quando eu cumpro com o meu propósito de vida.
Para mim, a felicidade não está na esfera da materialidade. Mas no campo da afetividade e da contemplação. Então, me sinto feliz quando compartilho com meus familiares e meu companheiro momentos de amor e afeto. Quando vivo com meus amigos experiências de confiança, troca e entrega. Quando aprecio a beleza e a inteligência da natureza. Quando medito e consigo sentir paz. Quando compartilho o saber com meus alunos. Quando eu conto histórias para as crianças no hospital e me sinto útil e transbordante de amor. Felicidade exige compartilhamento!
Então, percebo que a felicidade tem a ver com amor, com generosidade, com solidariedade, com compaixão. Com as virtudes, como alguns filósofos gregos profetizaram.
Minha reflexão neste texto não é conceituar a felicidade. Teremos outros posts mais filosóficos e embasados em autores para isso. Hoje, quis compartilhar meu pensar sobre uma felicidade cotidiana. Uma felicidade pautada no imaterial, mas que ao mesmo tempo, me permite sentir no corpo e na alma uma alegria genuína e duradoura.
Abraço fraterno!
Quem quiser ler um trecho do livro Felicidade Paradoxal é só acessar o link abaixo: