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24 de janeiro de 2019Atenção, eis aqui um convite especial à alegria de (con)viver, dançar com a alma e sorrir com o coração. Preparem-se, pois depois do convite aceito impossível retornar ao estado inicial. Você conhece a Biodanza?
“Tô dançando com a vida, de rosto colado, abraçando apertado…que delícia viver!” – canção de Aline Muniz, “Dançando com a vida”
Afinal, que dança é essa com a qual qualquer indivíduo do mundo pode potencializar a sua essência?
“Biodanza” é o nome dado ao sistema integrativo criado, há quatro décadas, pelo chileno Rolando Toro Araneda (1924-2010), professor, psicólogo, antropólogo, poeta, pintor e idealizador dos conceitos do Princípio Biocêntrico, Inconsciente Vital, Inconsciente Numinoso e Inteligência Afetiva.
Partindo do ponto que, naturalmente, todo ser humano é dançante, chegamos a conclusão de que nós somos feitos de sons. Somos música, portanto, e se somos música deveríamos dançar por apenas dançar – seja para “soltarmos nossas feras” ou para aquietarmos nosso espírito.
Todavia, ao longo de nossas vidas vamos cultivando certas tensões, que nos reprimem e acabam gerando dores, tanto emocionais quanto físicas, que não nos permitem libertar nossa expressividade corporal de dentro para fora.
Quanto ao assunto, Alceu Venâncio Jr, em artigo da Revista Beijaflor, adverte: “Talvez tenhamos carência não de mais conhecimento, mas sim de sabedoria e de maior sentimento. Ansiamos por amar, mas nos isolamos em nosso individualismo. Almejamos o prazer de viver, mas vivemos atormentados pelo espelho e pela balança, vítimas da tirania da perfeição física, incentivada pela mídia. Somos seres dissociados, que pensam de um jeito, sentem de outra forma e atuam numa terceira direção.”
Logo, “tirar a vida para dançar” significa proporcionar asas a algo que está aprisionado. O propósito da Biodanza é reensinar a ancestralidade sensorial de estarmos ligados à vida e integrarmos um universo vivo e dinâmico, por meio da auto-educação em grupo e desenvolvimento da pessoa como um todo. E assim, chegarmos a nossos próprios movimentos, sentirmos nosso ritmo, sem coreografias pré-estabelecidas.
A Biodanza, bem mais que uma atividade convencional, é uma conjunção artística que une ciência, pedagogia e amor – trata-se de uma experiência única que nos auxilia na descoberta de um novo modo de vida, no despertar de nossa sensibilidade adormecida, na recuperação dos sentidos naturais e indispensáveis à alma humana e no resgate do vínculo original com a espécie, como totalidade biológica, e com o universo, como integralidade cósmica.
“Vivemos um vazio existencial que tentamos preencher com a busca constante de juventude, beleza, conforto e consumo, distanciando-nos muito do essencial. No fundo, o que todas as pessoas querem é apenas amar e ser amadas. Porém, isso é o mais difícil de acontecer hoje, pois vivemos numa civilização em que as emoções e os sentimentos são bloqueados” – conforme afirmou Rolando Toro Araneda
Benefícios da Biodanza
• Integração motora: ritmo, coordenação, flexibilidade, fluidez, elasticidade, unidade e harmonia dos movimentos;
• Auto-regulação sistêmica, equilíbrio neurovegetativo, eliminação de sintomas psicossomáticos;
• Aumento de energia vital, vontade de viver e disposição;
• Integração entre o pensamento, sentimento e ação;
• Melhoria na expressão da criatividade e das emoções;
• Promoção da convivência com o(s) outro(s), fortalecendo vínculos e a capacidade de nos relacionarmos de forma mais afetiva.
• Desenvolvimento de uma ecologia humana.
A Biodanza auxilia na auto-regulação orgânica, no fortalecimento do sistema imunológico e na prevenção e combate aos processos de estresse, sempre em harmonia com os limites do corpo e ritmos vitais. Além disso, gera efeitos relevantes no desenvolvimento da auto-estima e da confiança, em virtude de os praticantes da dança serem, sem qualquer julgamento e de forma amorosa, encorajados a fazer contato com suas singularidades e a desenvolver plenamente suas potencialidades.
Tal como acrescenta Araneda: “A dança, assim como o canto e o grito, é uma das condições inatas do ser humano. O primeiro conhecimento do mundo, anterior à palavra, é aquele que chega a cada um de nós pelo meio do movimento. No sentido original, a dança surge das profundezas do ser humano: é movimento de vida, de intimidade; é impulso de união à espécie.”
Podendo ser encarada como expressão de linguagem autêntica e legítima terapia para harmonização do indivíduo com seu corpo, com suas emoções e também com o outro, a Biodanza também aprimora as relações interpessoais, consagra o coletivo. Nela, todos são um, são conjunto, mesmo que cada ser dançante não seja igual entre si. Eis aqui o baile das diferenças daqueles que não se completam, mas se transbordam.
Se eles dançam, eu danço.
E você, já tirou sua vida para dançar hoje?
Carol Gaertner