Aprender a dizer sim

Comecei a remover meus excessos dizendo não.

Não àquela refeição feita às pressas porque eu precisava encaixar uma reunião a mais. Não àquele objeto comprado por impulso, não para a necessidade de suprir com algo de fora a falta que poderia existir dentro de mim. Não àquela hora extra que eu fazia acreditando que era a única escolha possível, quando na verdade eu estava apenas condicionada a fazer isso para me sentir um pouco mais importante. Eu fui dizendo não aos poucos, e fui percebendo que a cada não, se abre um sim.

O sim e o não são as duas faces da mesma coisa, o que tolero e o que quero, relevados nas minhas experiências mais cotidianas.

Vou dizendo sim para as pequenas poesias, nas coisas mais simples de que verdadeiramente me lembro. Sim para o almoço de domingo na casa da minha avó, ou café da tarde coado tranquilo na casa dos meus pais. Sim para a possibilidade criativa de descobrir novos usos para as coisas que habitam minha casa, e para os conhecimentos que já adquiri, sim para reinventar. Sim para a conversa de alma com notificação de e-mail desligada. Sim para o minuto em que meu companheiro chega em casa, acaricia o gato, e me conta como foi o dia. Sim para olhar a janela enquanto escrevo esse texto e perceber que choveu a tarde inteira, e que esta água alivia o calor que costuma fazer no mês de Abril.

O sim é uma escolha, e o não também.

A cada vez que digo não para algo que parece ser falta, posso dizer sim para algo que verdadeiramente é.

Assim, brincando de dizer sim e não, vamos colocando ou tirando energia de cada coisa que se apresenta. Falando não para caminhos que reforçam que não está suficiente, eu me lembro de que “eu sou”. Falando sim para caminhos que mostram a beleza no todo do qual sou parte, eu vejo que “tudo é”. Não é preciso buscar pela vida que parece falta. Sim, a vida que nos espera, essa nós já temos.

Gostou desse  texto inspirador? Leia também sobre Minimalismo

Foto de capa de Alejandro Alvarez no Unsplash