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15 de março de 2019O mundo precisa saber disso
2 de abril de 2019Qual é a sensação do não saber na sua vida? Como você age em uma situação na qual se depara com esta questão?
O que significa o não saber? Você se recorda de ter vivido algum momento da sua vida em que se deparou com o não saber? Claro que em várias situações nos deparamos com este não saber, mas quero saber daquele não saber que perdura por algum tempo e que causa uma sensação de desconforto, de inquietação, gerando algum sofrimento emocional e até físico. Já refletiu o porquê isto acontece?
Em primeiro lugar, estamos acostumados e somos treinados a saber sobre tudo o tempo todo, somos inseridos em uma esteira na qual devemos saber, saber e saber para sermos produtivos, para não perdemos tempo, para sermos eficientes, para ganharmos dinheiro, para sermos efetivos, para ter o que queremos e para não sermos julgados.
Contudo, nem sempre nos deparamos com este saber. Este texto, tem por objetivo trazer uma história vivida por uma jovem de 21 anos que ingressou na universidade, logo ao sair do ensino médio, sabendo que seguiria no curso de arquitetura e que no meio do percurso se deparou com o não saber. Acompanhe abaixo o relato de Letícia, compartilhando como tem sido este processo e como o coaching tem ajudado neste momento de vida.
“Quando o não saber fez parte de um momento da minha vida no qual precisava tomar uma decisão importante, me senti perdida, e quando este não saber persistiu outros sentimentos se manifestaram, como a angústia, medo e a culpa.
Eu não sei, e agora?
É muito difícil lidar com algo que te é cobrado a todo instante, muitas vezes, não conseguimos entender o motivo da dúvida e nos culpamos por ela existir, principalmente, quando a decisão depende apenas de nós mesmos e impacta diretamente não apenas em nosso futuro, mas influencia no todo. Compartilho abaixo os passos dados para lidar com esta questão.
A vivência do Não Saber no dia-a-dia
Passo 1 – Foi necessário coragem para aceitar a dúvida e dar um lugar para o não saber, pois ele existiu e, muitas vezes, persistiu. A maioria das pessoas não está acostumada com a dúvida e quando ela chega, assusta e tenta-se desviar dela.
Neste momento, o desconforto se instala. Aprendi, primeiramente, a aceitar a dúvida, receber o novo, olhar com cautela e não tentar me desviar dela. Depois aprendi, lidar com uma pressão e uma desconexão comigo mesma, enxergar que o que eu queria era diferente do que eu estava fazendo. Compreender o peso do sim e do não, onde um me agrada, me faz feliz e traz paz e o outro corresponde as expectativas que outros tem perante a mim.
Passo 2 – Lidar com a dúvida e com suas cobranças internas. Depois de entender que a dúvida estava ali e não teria como fugir, tive que aprender a lidar com ela, transformá-la em algo positivo para que não me causasse sofrimento emocional e aproveitar o tempo que agora eu tinha disponível da melhor forma. Compreendi que o que eu estava vivendo era uma oportunidade e não um fracasso. Acredito que esse tenha sido o processo mais importante, pois a partir do momento que aprendi a lidar com os meus próprios fantasmas, com quem eu era, e o que eu estava vivendo, eu conseguia lidar com tudo.
Passo 3 – Lidar com a cobrança, a expectativa externa e entender que eu poderia fazer diferente, não precisando seguir o que a sociedade impõe. O coaching me fez enxergar que precisava sair do automático e dar um passo mais consistente. As cobranças e questionamentos continuavam. O que fiz de diferente foi como lidei isto. Aprendi a driblar o peso, os questionamentos e as expectativas da sociedade, amigos e familiares que depositavam, a todo instante, sobre mim. Na maioria das vezes, a pressão externa influencia em nossas decisões, principalmente, quando queremos agradar pessoas que são importantes para nós. Pude perceber que com a dúvida poderia me permitir a fazer coisas diferentes das quais eu estava acostumada e que me agregariam muito, não apenas, como profissional, mas como pessoa. Expor- me ao novo e escutar com cautela o que minha intuição dizia gerava nas pessoas que se importavam comigo mais respeito e tranquilidade, pois percebiam minha felicidade ficando calmas e felizes por mim também.
O não julgamento no processo de coaching me trouxe leveza
Em geral, o coaching me abriu uma grande porta, transformei os questionamentos que me geravam desconforto, “E aí, você está na faculdade? Vai fazer o quê? Você precisa se decidir.”, em uma simples pergunta. Assim como a minha resposta com medo de julgamentos e de desconforto emocional “ Não, eu não sei, tenho muitas dúvidas e não consigo me decidir.” se tornou uma resposta segura, que me traz paz “Não eu AINDA não me decidi, estou tirando um tempo para mim, fazendo coisas que me fazem felizes”.
Neste processo pude perceber que o não saber o que quer não te torna uma pessoa perdida, como muitos julgam, mas sim uma pessoa aberta, que consegue olhar com outros olhos coisas que estão ali na sua frente e você não conseguia perceber antes. Foi um processo de redescoberta onde me desapeguei de crenças que antes me limitavam, as quais eu acreditava que era uma pessoa muito segura, decidida e que nunca teria dúvidas.
A verdade é que a dúvida existiu e foi ela que me fez parar para poder escutar os meus sentimentos, gostos e saber o quê não me fazia feliz. Hoje lido com ela com leveza, deposito minha energia exatamente aonde ela deve ser depositada, consegui me desprender do futuro, da expectativa alta para viver e entender o presente com a expectativa devida, nem maior nem menor.
Posso dizer que eu não sei AINDA o que quero, o que importa é o que faço diferente a cada dia, que descubro uma nova Letícia, um novo dom, uma nova habilidade, um hobby diferente e, principalmente, acreditar que vou me descobrir e encontrar por completo quem realmente é a Letícia e qual será o caminho que irei trilhar.
O relato da Letícia nos traz a reflexão de como transformar conflito em crescimento, a partir de um processo de autoconhecimento, que oferece amparo, espaço para se olhar e se perceber sem julgamento, descobrindo e formulando manejo em como lidar com os conflitos, com os desconfortos e com as dúvidas. O imediatismo na busca de resultado vai dando lugar ao processo de desenvolvimento e, neste sentido, o indivíduo vai sentindo segurança para incluir o não saber, para reconhecer as habilidades que têm e as que precisa, a fim de construir recursos para lidar com um momento tão importante da vida.
Desejo a todos excelente insights e reflexões!
Abraço
*Imagem de Gerd Altmann por Pixabay (capa)