A vida nos manda seguir…
1 de julho de 2016Para o meu grande e novo amor
8 de julho de 2016Em todas as culturas e em todos os tempos, os seres humanos têm procurado encontrar um sentido para sua existência. A busca de sentido é tão antiga quanto as primeiras manifestações da consciência humana.
Por pelo menos 100.000 anos, os seres humanos enterram seus mortos com rituais e artefatos, aparentemente acreditando que a vida envolve algo mais do que apenas correr de seu predador, caçar ou acasalar.
Está bem claro que um senso de propósito é necessário para a saúde psicológica, e por sua vez, para a adaptação e à sobrevivência humana. Quando a vida parecia não valer a pena, nossos antepassados desistiam de correr do leão e, quando deprimidos, perdiam o entusiasmo com o acasalamento. A evolução humana depende da nossa motivação e nossa vontade de sobreviver, esse sentimento de que a vida permanece, sempre vale nossos esforços.
Na edição de setembro do American Psychologist (“A vida é consideravelmente significativa“), as autoras Heintzelman e King tomaram conhecimento de um paradoxo óbvio, porém facilmente esquecido na forma como caracterizamos o sentido da vida: “Ele é retratado simultaneamente como uma necessidade e como algo que é quase impossível de alcançar”.
Alcançar o propósito da vida é impossível?
A descoberta de estudos que medem a experiência de sentido é justamente que, a maioria das pessoas diz que suas vidas têm significado e propósito. Contraditoriamente, tendemos a ver o “significado da vida” como uma mercadoria rara, algo dificilmente alcançado, embora seja uma parte normal da experiência humana.
Nós encaramos esse ‘sentido da vida’ como “um construto e uma experiência envolta em mistério” e prontamente aceitamos que deve ser “cronicamente ausente na vida das pessoas.” Ou seja, por ser tão raro e dificilmente alcançado, poucas pessoas teriam atingido ou compreendido o significado de viver.
A visão comumente representada para buscar sentido na vida é fazer uma viagem ao topo de uma montanha para perguntar a um eremita-guru: “Qual é o sentido da vida?”. Se isso é o que é preciso, a resposta deve envolver um conhecimento escasso e precioso, e algo mais do que apenas felicidade e satisfação.
Qualquer coisa que é necessária para a sobrevivência, tem de ser abundante na natureza, por exemplo, uma truta precisa de mais do que apenas um balde de água para sobreviver. Logo, podemos pensar que o que nos é necessário à sobrevivência, como o sentido da vida, deve estar disponível à nossa volta.
Melhorando a experiência de viver
A pesquisa também mostra que “a exclusão social abaixa os níveis da existência significativa” e que conexões sociais melhoram a experiência. Se, ser aceito por uma tribo é tudo o que preciso para aumentar a emoção em nossas vidas, então o sentimento de significado não deve ser difícil de encontrar.
Um estado de espírito positivo é também uma influência. Os indivíduos que estão “imperturbáveis” na maior parte do tempo, irão avaliar melhor seu sentido de significado na vida. Bem como as pessoas que se dizem satisfeitas com a vida ou que vêem o “copo meio cheio”, não são tão susceptíveis de sentir que está faltando alguma coisa.
Aceitar a evolução da vida também melhora a experiência de viver
Em um experimento foram mostrados aos indivíduos fotos de árvores, solicitado que eles julgassem o contraste das cores e, posteriormente, feito um questionário sobre sentido da vida. Quando as árvores eram mostrados na ordem da mudança das estações, os indivíduos tiveram maior pontuação no questionamento sobre o sentido da vida.
Como Heintzelman e King apontaram, “vivemos em um mundo que geralmente é caracterizado por regularidade natural” e nossa experiência é reforçada pela “presença de padrões confiáveis ou coerência no ambiente.”
Em um mundo de estações, amanheceres e entardeceres, construímos uma existência ordenada com rotinas e rituais diários. Nesse contexto, é razoável esperar que as pessoas sintam que a sua existência está em harmonia com a ordem natural.
A eterna busca por um significado para vida
Porque é essencial para a nossa saúde, estamos continuamente motivados para buscar a experiência de propósito e significado. É como comida, a desejamos todos os dias, e tal como o sexo, não é um desejo que pode ser satisfeito de “uma vez por todas” e se cessa eternamente.
Quando as nossas necessidades comuns estão satisfeitas, tendemos a procurar mais. Está em nossa natureza buscar prazeres e sabores requintados. Algumas pessoas encontram o próximo nível de significado em iluminação religiosa ou êxtase, outros procuram na auto-consciência ou na realização pessoal. Algumas pessoas se voltam para dentro, outros buscam do lado de fora.
A busca de um propósito mais elevado e um significado maior às vezes é difícil e não tem ponto final. Ainda assim, não é uma viagem sem esperança. De acordo com a pesquisa, a maioria das pessoas facilmente encontram um sentido ao longo de sua caminhada.
E você, qual seu propósito de vida?
Traduzido e adaptado de: Paul G. Mattiuzzi, Ph.D.
Texto compartilhado em parceria com o Blog Diálogos – Espaço de Psciologia