Corações como mercadoria?
1 de maio de 2015Quanto custa o seu tempo?
15 de maio de 2015Foi quando reclamar parecia mais sensato. Quando o desespero servia como possibilidade plausível. No instante em que a sorte negou suas virtudes. Pedi ao meu Eu: “Ri de mim”.
Verdade que dias, ou menos dias, aparecem com mais aborrecimentos que contentamento. Mais tédio que entusiasmo. Vontades de chorar que salgam o abrir largo da boca num sorrisão. É a grana curta, o problema familiar que dói mais em nós. O amor mal resolvido, o amanhã que vem indeciso. Tantos são os motivos que abalam, a trazer preocupação quanto aos seus desfechos. Ri.
Ri, sim. Falseei as intenções, não havia alternativas. Estava mais para suicídio de expectativas que propriamente redenção de felicidade. O início era desvairado, mas a única alternativa restante. Rir. Já havia ouvido que rir de tudo é desespero. Então vamos lá, quem sabe uma deprê com mais cores transforma a solidão em carnaval.
Ria dos meus risos, mal sabendo que a cura da secura espiritual está na alegria. Ainda que temos de reanimá-la constantemente. Rir de tolices próprias, como algumas que nos fazem levianos (quem sabe briguinha juvenil seja exemplo). Rir das atrapalhadas que fazem corar o rosto, de tão estúpidas que revelam ser. Rir até mesmo dos fracassos, por mais que doam e ressoem na memória.
O mundo anda frígido, não há espaço para entusiastas. Tidos como loucos! Logo, nosso status natural é convertido a paradigmas externos, o desespero e a desistência formam o lema que empurra a falange. Imersos a problemas reduzimos nossa inteligência, porquanto negligenciar o próprio bem-estar é ato ignorante. Burro será, burro caminhará.
As lamúrias não apagarão nossas provas, é avaliação da vida, dignificando nossa permanência sob seus cuidados. E de que valeria a vivência sem espinhos, enquanto as flores mais nobres os têm? É tempo de deixar caprichos, sujar-se com resoluções, compreender as dores que preparam o amadurecimento da conquista. Rir faz parte.
Habituar-se a sorrir cego aos olhos negros que escurecem a vista. O riso contagia, envolve o universo, seduz positividade. Gargalhadas não resolvem situações desfavoráveis, porém transferem tranquilidade para saná-las. Rir não envelhece, infantiliza – beneficamente – corações à procura de satisfação. Procurei rir de mim, zombar de meus insucessos, até virarem reminiscências. Apenas isso.
Talvez erremos nas medidas. Nos pesos. Quem sabe damos importância maior – imerecida – a tudo isso, quando na verdade nada é tão relevante, nada é menos relevante. Só existem para serem vividas – tudo o que há na existência. Entretanto, o temor pelo ridículo ainda nos assombra, e é fruto da vaidade querer regrar os acontecimentos, para que no final não haja escárnio. Assim perdemos ótimas oportunidades de divertimento, no fundo (no fundo) a maioria dos medos, ou tristezas, não passam de choques imaturos, do qual não possuímos domínio.
Pedi ao meu Eu que risse de mim, e tomara que ele não pare. Em breve, aprenderei que, seriedade excessiva no tratamento estraga a continuidade de emoções. Forma murmuradores, não caçadores de experiências.
Ria de si, no oportuno e inoportuno, para que uma queda do salto alto não atrapalhe o dia.
Que seja mais uma razão para a coleção…
Igual àquelas que nos relembram o quão ridículos fomos até aqui. Ria de mim