Compostagem: Bom para o planeta, ótimo para sua saúde!
27 de maio de 2015Licença Poética
30 de maio de 2015banco de imagens Pixabay |
Há quem diga que ter um ‘’grande amor’’ é importante. Mas há quem afirme que viver sem esse ‘’grande amor’’ é mais importante ainda, porque, talvez, antes de nos entregarmos para alguém, precisamos nos devolver para nós mesmos. Mas o que é isso? Devolver-se é perceber que não pode deixar de ir ao cinema só porque não está acompanhado, pois o filme será lindo da mesma forma. Devolver-se é, também, compreender que mesmo a cama de casal sendo maior, ela é perfeita para seu descanso, pois, muitas vezes, temos o lado esquerdo preenchido e, mesmo assim, nos sentimos sozinhos. Não faz muito sentido, né?
Carecemos por acreditar que as pessoas devem ser nossas de qualquer forma, assim como pouco compreendemos sobre o amor. E se esse sentimento for subjetivo? Cansaremos o coração buscando por definições daquilo que é indefinível?
Nos falta perceber e aceitar que os relacionamentos de hoje – não deveria ser assim -, são como os fast-foods, ou seja, o outro me serve até quando outro não for mais atraente. Mas, claro, isso até quando o próximo não for ainda mais interessante. Percebem como somos inconstantes? Por isso, urgentemente, precisamos buscar por gente que, ao invés de bater a porta em nossa cara, volte, sente, dê as mãos, fixe o olhar e diga: nós podemos reconstruir, afinal, sempre que se pode recomeçar é por que antes se teve a oportunidade de destruir e, às vezes, destruir é a única maneira de ser fazer inteiro novamente. Mas, quem tem essa coragem?
É preciso – diante das mais loucas aventuras já vividas -, entender que ninguém é uma ilha, mas também ninguém precisa se envolver por medo da solidão, porque a solidão pode ser algo tão subjetivo quanto o amor. Já pensou quantas pessoas namoram, se casam e ainda se sentem sozinhas? E quantas que, mesmo solteiras, sentem-se abastecidas de amor? Ainda que digam que, em algum momento de nossas vidas, todos precisarão do cobertor num dia frio, é preciso gritar para si mesmo que ninguém necessita de alguém que deseja nos consumir e depois se alimentar em pastagens alheias. Poucas coisas ferem tanto!
Antes de querermos nos envolver, é imprescindível que saibamos o tipo de relacionamento que gostaríamos de ter. Queremos a pessoa que na primeira briga diz que não somos o sonho que ela imaginou? Queremos uma pessoa que ao cruzar a esquina abaixa o vidro do carro e solta uma cantada barata para aquela de curvas atraentes? Queremos uma pessoa que nos veja como um barranco de escora ou queremos aquela que, quando nos ver cair, vira nossa âncora? Queremos uma pessoa que reclame das roupas que usamos sem perguntar quais são nossas prioridades?
Não quero dizer que encontraremos a pessoa perfeita, mas podemos buscar por aquela que compreenda nossas imperfeições. O mais bonito nos relacionamentos é saber à hora de ir embora e à hora de continuar. Sim, é isso mesmo. Desistir pode ser um ato de coragem, isso diante de sustentar um relacionamento onde as pessoas estão numa bicicleta de dois assentos, no entanto, cada um prefere seguir por uma direção. Como um casal sobrevive à tempestade se cada um está mais preocupado com qual roupa vai molhar primeiro? O verdadeiro amor não tem vaidade e deixa essas vestes encharcarem, fazendo com que ambos suportem as trovoadas, acreditando que ainda existe um sol; um sol chamado compromisso.
Que as pessoas são livres, isso é incontestável, ainda que tal liberdade nos fira. Mas, será que pensamos que muitas vezes fazemos pelas pessoas coisas que elas não nos pediram? E depois, bem depois, o coração quer ser juiz e fazer um acerto de contas, querendo receber o que ofertou. É por isso que devemos nos preocupar em viver a reciprocidade, para que não tenhamos frustrações tão agudas, porque frustrações sempre teremos, sobretudo quando se faz parte de um planeta onde o efêmero é mais especial do que os laços. Porque é sempre mais fácil desistir do que lutar. É sempre mais descolado comprar mais um tênis quando já se têm alguns empoeirados por falta de uso. É sempre mais instigante possuir ao invés de apreciar. E como tudo isso nos assusta, ou não?
Tem gente que sabe que amar pode ser o maior dos desafios humanos, porque tem que ser aprendido, tal qual se aprende a usar as pessoas. Será que não podemos escolher a primeira opção? Não há dúvidas de que nos decepcionaremos muito, porque as pessoas, independente do quão amorosas podem parecer, em algum momento nos machucarão, e vice e versa, pois, se pararmos para refletir, ninguém, nesse vida, fere ninguém, as pessoas apenas mostram como são imperfeitas. O que precisamos entender é que, às vezes, colocamos expectativas demais naqueles que estão acostumadas a comer fast-food, ao invés de buscarmos por aquelas que sentam nos restaurante e apreciam até a decoração. Que tipo de companhia você quer?
Há gente desistindo da gente, enquanto, se formos verdadeiros, perceberemos que estamos fazendo o mesmo. E talvez isso aconteça porque estamos desorientados quanto a acreditar que, desesperadamente, é preciso ter alguém, pois não conseguimos nos bastar com nossa própria companhia. Poucas coisas são tão destrutivas! Essa não é uma visão egoísta, mas uma ação de proteção para com tantos devoradores contemporâneos. A relação que queremos construir com alguém só dará certo se, muito antes, for sólida dentro de nós, para que não usemos pessoas que são feitas para experimentar cumplicidade, ou seja, todos nós.
Essa é a era cuja maioria dos seres têm o talento de ferir, mas não possuem o dom de consertar. Porém, podemos ser diferentes, isto é, se percebo que não estou mais cabendo no cenário, crio coragem para ir embora, porque o outro não é minha propriedade, ainda que eu o ame com todas as forças que tenho. Mas, se vejo que vale a pena lutar – e o outro enxerga pelo mesmo prisma -, decido que posso respirar mais fundo, ficar, abraçar e dizer: eu te amo, mas para ficar, agora, aprendo a me amar na mesma proporção.