Quem é você, amor?
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18 de junho de 2015Imagem by pixabay |
Frio na barriga, o alento que ainda pulsa. Àquilo que dá lá dentro, borboletas a voar, um lado intenso a rebentar. É tudo àquilo que dá em sonho, na vontade, na vida que ainda balança em cada “nós”.
É para quem perdeu a fé de vista, e de repente a vê ascender num recomeço incipiente. A quem largou numa esquina o que não conseguiu tentando, quando noutro dia a sorte lhe resolve bater à porta com um cartaz de cartolina no qual está escrito o que é teu. Para todo àquele que dormiu, olhando no céu a iminência de um brilho que está longe a chegar. Destes, por estes que vivem o frio que esquenta a emoção, na chegada de algo bom, ou mesmo coisa má. A quem se faz mexer o lado selvagem que ainda se mantém instintivo.
Esse tal frio – que dá – ocorre quando nos confrontamos com os nossos desejos latentes, inexpressivos por um misto de desconfiança e incredulidade de finais felizes. No instante que antecede uma resposta, ensaiada por toda uma imaginação criada até chegar ali. Na linha tênue entre o sonho e a desilusão, que ainda faz arrepiar o mais maduro dos homens em toda sua utopia particular. Porque alguém sem utopia não é digno desse sentido, que faz suar, verdejar ao mesmo tempo do desalento.
Na barriga e seu frio batem uma série de misturas que ainda atestam a importância no viver. É zelo demais, querer bem demais a si. É uma imanência cativa de se importar, de revelar a mais pura essência que ainda lhe faz admirar enquanto acordado. Próprio da pessoa que descobre uma emoção já vivida, a qual de tão bela recria novas percepções que desaguam num sentimento desbravador. É algo que se esconde, mas se pensa diariamente enquanto o dia desfila pela existência, secretamente e em retumbante presença.
Certamente são felizes aqueles que se deixam voar pelas borboletas que lá dentro alçam rasantes irregulares. O que dá nó na voz, num atropelo de coração e palavras. Pés que escapam do chão, racionalidade sufocada pela natural pujança da emoção. Olhar no olho e ver com o peito arfante; tocar sem pressa, esquecer a eloquência de discursos, fazendo da própria ingenuidade a súplica mais devota que se dá aos céus. Há ingenuidade ainda, a pureza oculta pelo descuido que os anos travam em cada estória.
Borboletas são na verdade o que faz arder, o que faz descambar lágrimas, e o que faz acreditar mesmo sem garantia futura. É dessas asas o vento frio que dá na barriga, levando à tona o que estava à deriva, cochilando. Desconfie do total equilíbrio, desequilíbrio é parte de gente comum, que sente insegurança, temor, entre outros choques a quem ainda sente a dádiva de sentir.
Sentir é a capacidade máxima de nossa saga. Sentir o que está perto, longe, até mesmo rascunhar o que sentir. Tudo o que se sente é o avesso da indiferença, condição real, extinta de sua totalidade…
Renunciemos toda superioridade, supremos entendimentos conservadores, para que em meio a tantos “tanto faz” se faça sentir o frio…
Àquele que dá na barriga.
2 Comments
Rodrigo, seu texto é um verdadeiro desafio à dormência da alma, ao torpor da razão, de uma civilização que desaprendeu a se deleitar com o "borboletear" no estômago… Que muitas pessoas possam acordar seus sentidos ao lê-lo!
Que linda mensagem querida Sandra…ficamos felizes quando vocês interagem aqui no blog ou no facebook. Sim, esse é o nosso desejo que muitas pessoas acordem para sentir mais borboletas no estômago! bjo grande, ótima semana!