Muito, Pouco e Tudo – O Minimalismo Como Prática De Autoconhecimento
10 de fevereiro de 2019A delícia ou o dilema de se reinventar aos 40 anos
21 de fevereiro de 2019Como escreveu Christopher McCandless em seu diário, cuja busca pelo autoconhecimento e liberdade foi retratada no livro e filme “Na natureza selvagem”, a felicidade só é real quando compartilhada com outros. Os humanos são seres sociais e é da interação com as pessoas (mas não só elas) que a gente aprende, compreende, se desenvolve e fica cada vez mais perto da felicidade plena, que só é plena se tudo estiver bem e em equilíbrio.
Bem sabemos que o mundo não está lá muito equilibrado, não é verdade? E temos a responsabilidade de tentar consertar o que está errado e restabelecer a sustentabilidade, que é inerente à natureza. Como somos filhos dela, nada melhor do que seguir o exemplo da grande mãe e incorporar hábitos sustentáveis em nossa vida que, além de ajudar o planeta, vão nos garantir uma dose diária de paz e conexão.
Não existe fora, então composte
No mundo natural não existe lixo, nem o produto nem o conceito, tudo se reaproveita. O que também não existe é o tal “fora”, absolutamente todos os resíduos continuam dentro do planeta (alguns inclusive ficam no limite, como o lixo espacial). Na nossa rotina, produzimos resíduos sólidos que são recicláveis, que não são (chamados rejeitos) e também restos de alimentos, que na verdade são a maior parte (cerca de 51% do montante).
Encaminhar os resíduos orgânicos para o aterro sanitário – na melhor das hipóteses – gera gases de efeito estufa e chorume (um líquido escuro e tóxico resultante da decomposição de uma mistureba de resíduos diversos que são enterrados lá). A pior das hipóteses é o lixão, que não tem controle nenhum e impacta diretamente o solo, a água, a atmosfera e as pessoas que vivem próximas.
Assim, a melhor coisa para se fazer é transformar talos, cascas, sementes e folhas em terra fértil e nutritiva. É assim que acontece na natureza selvagem. O que nasce da terra volta para ela. O que alguns não querem, outros reaproveitam, num eterno ciclo fechado de interdependências.
O melhor de tudo é que cada um pode ver esse ciclo acontecer na sua própria casa. Com um minhocário, uma composteira ou outro sistema de compostagem doméstico, você consegue destinar os resíduos orgânicos da melhor maneira que existe, permitindo que eles virem adubo e biofertilizante.
De todos os benefícios de ter um minhocário que eu listei no meu blog, tem dois que tocam fundo. Qualquer que seja o sistema, ele terá bichinhos que farão o trabalho de decompor os alimentos e convertê-los em solo. Essa pequena fauna, além de micro-organismos, te ensina sobre cooperação, teia da vida, relações, causa e efeito, circularidade, empatia, generosidade e gratidão.
Aquele momento que você destina para cuidar do seu minhocário, aqueles cinco minutos do dia, é de silêncio, cuidado, atenção e tranquilidade. É o seu tempo de conexão com o organismo vivo que é o nosso planeta Terra, uma rede intrincada que vai do núcleo do mundo ao espaço passando pelo seu corpo e o de todos os seres vivos presentes aqui. Quem diz que não existe magia é porque nunca observou a natureza, né?
Composto para que? Para as plantas, claro!
O melhor complemento da compostagem é o canto verde da sua casa. O adubo produzido lá ajuda aqui. As plantas são poderosas. Não tem uma vez que abraço uma árvore e não sinto um solavanco interno, como o retumbar de um tambor. As queridas verdinhas (e de outras cores, porque diversidade é lei universal), trazem alegria, energia boa e absorvem as coisas ruins do ambiente para aliviar o seu lado quando a situação não está boa. Mais uma lição de generosidade aqui.
Mais um momento de conexão consigo mesmo enquanto cuida do seu jardim ou da sua horta. Mais seres vivos respirando o gás carbônico que a gente expira e nos dando oxigênio. Mais abrigo e restaurante para dezenas de animaizinhos que contribuem para o equilíbrio do sistema (se o seu canto verde fica ao ar livre, isso é mais perceptível).
As vantagens aumentam quando se fala de ter a própria horta: alimentos frescos e sem veneno, economia de dinheiro no mercado ou feira, zero embalagens plásticas e mais saúde. O fato de você ter um ser vivo pequeno e frágil que depende totalmente da sua atenção para conseguir viver num vaso te torna mais consciente da sua responsabilidade para com os outros e o ambiente em que vive. Você fica mais atento aos efeitos das suas atitudes no dia a dia e ao poder que você tem de mudar diversas situações na sua vida e ao seu redor.
Além disso, manter uma horta te permite acompanhar desde o crescimento da planta até ela chegar ao seu prato, o que nos faz pensar sobre a logística dos alimentos no mundo e o grave problema do desperdício. Outro benefício é que, como as suas verduras e legumes são livres de agrotóxico, você pode aproveitá-las integralmente. Cascas de cebola e folhas da cenoura, por exemplo, podem virar um caldo de legumes; folhas de beterraba e cascas e sementes de abóbora assadas são aperitivos deliciosos. O que foi fervido para fazer caldo ou que não tem aproveitamento vai para a compostagem.
Um ecobeijo e até breve!
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