Refletir, aprender e mudar!
17 de fevereiro de 2015Suco verde, sabor pela vida!
19 de fevereiro de 2015As críticas à cultura de consumo apontam ora para um apocalíptico “fim da história”, ora para a ingênua, embora radical, renúncia ao bem-estar material. Nasce o discurso do consumo dito consciente, conclamando os indivíduos à reflexão sobre o potencial transformador das escolhas e usos que fazemos dos produtos, expondo o consumo como um ato de cidadania. Mas há de se convir que esse discurso, muitas vezes, é ambíguo e aponta para outra direção, como no caso do discurso da sustentabilidade já traduzido em atributo de compra.
Contextualizando historicamente a evolução do discurso da sustentabilidade, consideramos que o primeiro movimento da comunidade internacional aconteceu em 1968, quando se estabeleceu a resolução 2938 da ONU, convocando uma reunião mundial para examinar problemas do „ambiente humano‟ que exigissem cooperação internacional para serem solucionados. A partir da década de 1970, esse conceito de sustentabilidade emergiu nas discussões entre países e empresas, sobretudo após a divulgação do relatório do Clube de Roma15, em 1970, e a realização da Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente Humano em 1972, em Estocolmo, na Suécia. Nessa conferência, foi instituído o Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (PNUMA), o que encorajou a discussão da temática da sustentabilidade em todo o mundo.
Em 1983, a ONU instalou a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento que elaborou e lançou, em 1987, um estudo mundial chamado Nosso Futuro Comum, ou relatório Brundtland. A partir de então, o conceito de “desenvolvimento sustentável” foi amplamente divulgado e institucionalizado, definindo-se “como o processo de atender às necessidades presentes sem comprometer a capacidade das futuras gerações de suprir suas próprias necessidades”. Esse relatório foi coordenado pela Ministra Gro Bruntdland, da Noruega, e é um documento histórico, por apresentar o conceito pela primeira vez.
A Primeira Conferência Mundial sobre o Clima aconteceu em Toronto, em 1988, reunindo cientistas que alertaram para a necessidade de reduzir os gases do efeito estufa. A ONU cria, então, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), para avaliar o risco da mudança climática devido à atividade humana. A Segunda Conferência, em 1990, aconteceu em Genebra e a terceira, em 1992, denominada Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como ECO-92, no Rio de Janeiro, que resultou nos tratados internacionais Agenda 21, Convenção da Biodiversidade e Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCC, na sigla em inglês).
Pela primeira vez, foi apresentado o conceito de desenvolvimento sustentável como saída para o impasse decorrente da necessidade de continuar o crescimento econômico e considerar a possibilidade de esgotamento dos recursos naturais. Sendo assim, podemos entendê-lo como um conceito político que, desde então, passa por intenso processo de legitimação e institucionalização normativa.
Ressaltamos, porém, que o conceito de desenvolvimento sustentável, citado acima, difere semanticamente do conceito de sustentabilidade difundido na atualidade. Nesse último, surge o conceito do triple botom line, cunhado pelo britânico John Elkington (1994), sobre os três pilares que devem nortear a gestão empresarial: social, econômico e ambiental. Logo, por esse viés, sustentabilidade é promover o desenvolvimento econômico, o desenvolvimento social e o desenvolvimento ambiental. Consolidando, com mais clareza, o que as empresas, governo e sociedade civil precisam fazer para que as gerações futuras tenham suas condições de sobrevivência garantidas, compatível com o conceito do relatório Brundtland.
Constatamos, porém, que as discussões pouco evoluíram em 20 anos. Mas, a partir da década de 1990, a problemática ambiental desloca-se do discurso vinculado aos ‘problemas ambientais relacionados ao modelo de produção’ e passa a relacionar-se aos altos padrões de consumo e estilos de vida.
Apesar da temática da sustentabilidade passar a fazer parte da agenda internacional, o avanço nas discussões ainda é lento se compararmos o que foi firmado no Protocolo de Kyoto em 1997, quando da realização da COP-31 no Japão, com a COP-15, realizada em dezembro de 2009, em Copenhague. Nessa conferência, ainda se observou a desunião do grupo dos países em desenvolvimento, encabeçado pelo BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África) e os países ricos, particularmente sobre as contribuições financeiras para o combate a mudanças climáticas.
Na última conferência realizada em junho de 2012, no Rio de Janeiro, em comemoração aos 20 anos pós Rio 92, conhecida como Rio +20, poucos avanços ocorreram. Mas, a reunião de cúpula com os principais chefes de Estados, diplomatas, representantes de Organizações não governamentais, empresários, serve como alerta e ganha amplo espaço de divulgação na mídia nacional e internacional. E assim, a população fica sabendo um pouco mais sobre o que está acontecendo no mundo com relação ao Meio Ambiente e com as perspectivas para o século XXI.
Sei que o desafio e as tensões envolvendo países e os conglomerados financeiros são imensas, pois o que rege todo o sistema é o Capital. Mas, precisamos pensar na sobrevivência do Planeta e na nossa. O que adianta ganhos estratosféricos se não tivermos uma casa para morar? Infelizmente, os avanços são modestos frente ao grande desafio das mudanças climáticas que avançam como uma locomotiva desenfreada.
Entretanto, também é preciso reconhecer que tem muita gente consciente pesquisando, lutando, se empenhando e trabalhando duro para promover mudanças significativas seja no âmbito local (cidades, casas, indivíduos) como no global (países mais envolvidos com estas questões na busca de soluções como Japão, Alemanha, Butão). Sim lá no Butão, não se mede o sucesso do país pelo Produto Interno Bruto, eles têm outro índice muito interessante denominado Felicidade Interna Bruta (FIB)…Lindo não? Mas, esse será o assunto de outro post.
Abraços Fraternos!