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26 de fevereiro de 2019Idade da loba, chegando na fase dos “enta”, a vida começa aos 40! Este são alguns ditos populares a respeito desta nova fase de vida. Quarenta anos é uma idade cheia de riquezas devido às inúmeras experiências vividas até o momento. É uma idade na qual o indivíduo já se deparou com vários temas, casamento, maternidade, carreira, divórcio, trazendo uma riqueza de experiências como matéria-prima de uma fase na qual alguns autores a reconhecem como meia idade.
Um momento especial, pois não somente estão na metade da vida adulta, mas são convocados a olharem o passado e o futuro de um modo diferente. Uma idade que também se torna ponte entre gerações mais novas e mais velhas e que contribuem com as instituições da sociedade e as empresas funcionarem.
40 anos da minha vida, da minha história, de um processo que ao longo de cada década teve um significado, teve conflitos, teve inquietudes, teve novidades, um conjunto de experiências que tornam a mulher que sou hoje. Aos 40 posso sorrir com emoção ao passado e ao futuro.
Chegar aos 40 anos na segunda década do século XXI tem uma perspectiva diferente dos indivíduos de geração anterior. Muitas mulheres, por exemplo, do século XX tiveram sua trajetória dedicada integralmente à família e aos filhos, o que não significa que seja certo ou errado, ruim ou bom.
O tema deste texto tem por objetivo compreender as mudanças de contexto, bem como refletir sobre estas perspectivas. A maioria das mulheres, que nasceram nos anos 70, 80 do final do século XX, embarcam em carreiras antes do casamento e da maternidade trazendo novas tendências, novos movimentos e também novos questionamentos no desenvolvimento psicossocial na meia idade.
No meu caso, passei por este conflito em relação à carreira aos 34, e o que fazer agora aos 40? Simplesmente me expor à vida de forma confiante e seguir trabalhando com muito entusiasmo, pois a segunda profissão que escolhi aos 35 que é ser psicóloga e professional coach me beneficia, pois quanto mais idade, melhor. Nesse sentido, posso me nutrir com satisfação desta missão que me preenche de compreensão, de vontade, de descoberta e de sentido.
Uma das preocupações da meia idade é abrirmos mão da imagem jovem para reconhecer a mortalidade. E, é este fato que exige e possibilita uma busca por significado dentro de nós mesmos. Esse movimento de interiorização pode ser inquietante, pois nos deparamos com situações de questionarmos, confrontarmos nossos próprios pensamentos, perdendo temporariamente nossa segurança a respeito do que fomos até o momento. Aqueles que evitam essa transição perdem a chance de crescer psicologicamente e emocionalmente.
Esta transição permite que ao entrar em contato com a nossa introspecção, ao nos depararmos com as questões de cunho subjetivo faça com que, algumas vezes, esta seja uma fase denominada de crise existencial. Ao olharmos a trajetória nos deparamos com questionamentos a respeito da nossa carreira e indagamos: quero permanecer onde estou, quero experimentar algo diferente, o que realmente quero fazer?
Nesse mergulho na alma, vem outras questões como: quero ter filhos, não quero ter filhos? Como deixar os filhos tomarem suas vidas, como cuidar do ninho que parece se tornar vazio com a saída dos filhos de casa? Ou ainda reflexões do tipo: quero casar, quero me divorciar? Tudo isto são temas desencadeados pela revisão e reavaliação da própria vida.
Não tenho filhos, este é um grande tema aos 40. Passei em 2014 por processo de reprodução assistida sem êxito, aprendi com este movimento, e em 2017 congelei embriões e em 2018 pude transferi-los, vivendo algo transformador da minha existência e história de vida, tanto pelo processo, quanto pela notícia de estar grávida, como pelo aborto espontâneo.
Momentos de grande fragilidade e também de muita força. Sobre tudo isto eu pude ficar com a dor/tristeza, mas também com o amor e com a gratidão por ter tido este bebê por 6 semanas e 2 dias. E ele e tudo isto tem um lugar especial no meu coração, e, sem dúvida todo este processo me conectou com muitas descobertas e eu me torno mais grata pela vida e mais forte para seguir.
Claro que a crise da meia idade é apenas uma representação do que as pessoas experimentam, porém tudo isto é vivido de forma singular. Algumas pessoas podem vivenciar crise ou tumultos, enquanto outras estão no auge de suas capacidades e criando novas profissões e jeitos de encarar a vida. Outras ficam entre o pico e a crise ou experimentam ambas em momentos ou áreas diferentes da vida.
Quarenta anos, portanto, envolve uma revisão introspectiva e uma reavaliação de valores, sentidos, significados e prioridades. Podemos pensar esta fase como um momento de balanço geral que produz reflexões a respeito do que se viveu e estimula correções, ajustes, transformações na trajetória da própria vida com o reconhecimento de que tudo que se viveu não foi por acaso.
Integrando a própria história torna-se possível pensar que a vida pode começar aos 40!
Completar 40 anos no dia 03 de março me traz a chance de oferecer ao mundo, às pessoas, algo de mim, algo do que aprendi e do que aprendo de modo mais consciente, mais tranquilo, mas não menos excitante, pois estou mais integrada. Também posso receber do mundo e das pessoas algo de modo mais respeitoso e mais aberto vivendo a vida de maneira mais plena e entregue.