Monja Coen fala sobre Felicidade e Meditação
18 de junho de 2015Por gentileza
22 de junho de 2015
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Competitividade, correria, dívidas, cobranças, quantas dessas palavras não nos asfixiam todas as manhãs? Vivemos num ciclo vicioso de querer ter o controle de tudo e, quando percebemos a inutilidade disso, lamentamos por ver que a nossa conexão com o ambiente está fragilizada pelo excesso de informação. Por isso, também, estamos rompendo laços, pois a globalização, parece, proporcionar a mesma leveza de um olhar face a face ou de um abraço real. Nada pode ser tão enganoso e desumano!
Nesse dia a dia, onde correr é sempre inevitável, precisamos parar, em algum momento, e dizer para nossa alma que temos urgência de solidão. Sim, é isso mesmo. Solidão que faz com que encontremos a sanidade, adormecendo, então, as ideias vendidas, ou seja, precisamos dar conta de tudo, porque do contrário seremos fracos. Ah, que absurdo! Fracos não são aqueles que temem 1 minuto de solidão porque temem, ainda mais, o espelho das dores e dúvidas internas? Não encaram seu próprio reflexo porque, também, carregam o medo de mudar e preferem o conformismo? Há, sem dúvida, uma avalanche de perguntas rondando nossas ações rotineiras, o que é importante para a reflexão.
No entanto, é preciso compreender que não estamos fazendo apologia à reclusão, mas a valorização dos momentos de passos mais vagarosos, haja vista, quando não se tem o que fazer, o sentimento de inutilidade e culpa nos ataca, fazendo com que pensemos que é preciso estar em constante movimento, acompanhado tudo e todos.
Não! Não! Não! A velocidade nunca será mais prazerosa que a calmaria, pois as coisas mais lindas desse mundo – como o casamento feliz, a carreira bem sucedida e a saúde equilibrada -, são mais possíveis de serem alcançadas pela paciência, acompanhada de muitas doses de solidão, ao invés de nos doparmos com as ideologias da ditadura do capitalismo, isto é, produza, faça, ganhe, compre, se perca, se esqueça, e jogue fora. Mas, não é esse o destino de todos nós? Não! Nosso destino só pode se encontrado nas conversas com nossa alma, numa intimidade que só é alcançada longe das buzinas dos carros, das músicas estridentes e, principalmente, das pessoas negativas. Pessoas que por desistirem de ser feliz, esperam que você faça o mesmo. Poucas coisas traduzem tanto desperdício de potencial!
Não há, sequer, aqui, a intenção de falar que devemos nos alegrar por estar só, porque isso é uma hipocrisia. Mas, também, é importante reconhecer e viver momentos de quietude, para que sejamos arquitetos de nossas mentes aflitas, ou seja, saibamos refletir sobre quem somos, de onde viemos e, principalmente, com quem e aonde queremos terminar nossa vida. Por que adiar essas reflexões?
Nunca estaremos realmente sós, isso é um fato. Porém, a maioria de nossas angústias se agigantam quando temos a crença de que nosso valor, perante a sociedade, é pouco ou, por vezes, esquecido. Quando isso acontece, buscamos, desesperadamente, por apoio externo, que pode ser o excesso de trabalho, a necessidade de atenção, a busca pelas sacolas abarrotadas e, quando não é mais triste, buscamos a felicidade em coisas que escorrem pelo ralo.
Será que dói mais ouvir o canto dos pássaros ou ser surdo? Será que cansa mais acordar cedo e dar atenção a quem amamos ou entregar flores no túmulo dessa pessoa? Será que é uma perda comprarmos o que é mais barato ou é melhor ver uma roupa custar mais que o nosso amor-próprio? Será que é mais prazeroso mergulhar em nossos sonhos ou vermos rugas de arrependimento amanhã?
São muitas perguntas para pouco tempo, mas não para algumas doses de solidão. Será que é disso que estamos precisando hoje? Se tudo está correndo, e se nos obrigam, de alguma forma, a ser parte dessa corrida, que sejamos a parte que caminha mais devagar, porque nada pode ser mais trágico do que irmos embora – porque todos vamos -, sem sentir que a vida é o espetáculo mais lindo. Mas por que insistimos em ficar de olhos fechados? Por que queremos dançar mais rápido que a música? Por que tememos um pouco de solidão se, por meio dela, podemos mudar tudo? Oferte seu tempo, mas, muito antes, viva. Não temos outra oportunidade para voltar.