Menos coisas, mais tempo e consciência no Dia da Terra
22 de abril de 2019Um delicioso bolo Red Velvet natural com beterraba
7 de maio de 2019O sonho de eva não era ser costela de Adão. eva pequena sonhava ser Eva. Bonita. Inteligente. Musa. Famosa. Ganhadora do Oscar.
Talvez uma repaginada versão de Julia Roberts lhe cairia bem, mas não como “Em um lugar chamado Nothing Hill”, repleta de tietes impetuosos. Eva estava mais para “Comer, rezar e amar”.
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A menina cresceu e, por ironia da vida, virou uma linda mulher. Batalhou. Fez por onde. Não melindrou. Flor de aço. Conquistou. “Queridinha da América”…? Quem sabe até mais.
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Consagrou-se atriz internacional e tornou-se uma Eva que só queria paz para corpo, mente e alma, mas não a tinha. A mídia lhe ditava padrões: as revistas de moda lhe ordenavam o modo de vestir, a boa etiqueta como se comportar, os “paparazzi” lhe ensinavam onde não ir e os “haters” da internet a não se importar.
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Em uma breve passagem por Roma, na gravação de um de seus filmes para a Netflix, o qual rodava na capital italiana, Eva pensou em procurar pelo cardeal a fim de se confessar e desaguar todas as suas angústias. Afinal, ela se considerava também mortal, não estava acima do bem e do mal como muitos de seus fãs acreditavam. Entretanto, no caminho para a igreja, foi surpreendida por uma formiga que mordeu seu pé – veneno indolor – resolveu então aceitar aquela companhia peculiar que mais parecia um louva-a-deus pela folhinha que carregava, verde como a esperança.
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Eva era dos detalhes, só mesmo ela para dar importância a um cisco, a um inseto ou a um sentimento. Moça dotada de uma intuição aguçada, sendo que a intuição da vez era essa: “siga a formiga”. Até que sua companheira a desviou daquele trajeto eclesial, parando à beira da Fontana di Trevi, fonte clássica onde os turistas jogam moedas e fazem pedidos. Foi, nesse momento, que Eva apenas desejou ser eva. minúscula. esquecida. anônima. formiga.
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Jogou moeda? Não, emergiu ela mesma de paetês e salto agulha na fonte, pois ali estava eva e sua verdade nua e crua. O sonho a se realizar sem demora, no ato. Ali estava cheia de humanidade, não com “o sorriso de Monalisa”, mas com o próprio (e só dela) sendo clicada por uma penca de fotógrafos, recebendo estranhos olhares que não tinham a dimensão de quanto aquele momento era mágico e libertador.
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eva ou Eva agora eram uma só e sem fantasias. Podia ser rainha, podia ser plebeia. Podia ser o que quisesse, afinal desaguou ali por inteira. No dia seguinte, as manchetes dos jornais mais lidos do mundo alardeavam, em letras garrafais: “ATRIZ COMETE LOUCURA.”
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Já de volta ao conforto do lar, uma alma satisfeita escreve em seu diário, repetindo bem baixinho para si mesma, em tom confidencial: “Encontrei a cura e ela mora dentro e não fora de nós.” Essa era realmente Eva no paraíso.
Imagem de capa de Jill Wellington por Pixabay